Thursday, March 13, 2008

Uma breve exposição do grande selo


Maitripa


Rendendo homenagem no estado de satisfação total, vou falar do Grande Selo [Phyag-rGya Chhen-Po].

Toda coisa possível não é mais que nossa mente – buscar a verdade no exterior é o funcionamento de nosso intelecto confuso. Todas as aparências são essencialmente vazias, como num sonho. E a mente não é igual ao movimento da memória e das idéias. Sem natureza própria inerente, ela é parecida à energia do vento e como é vazia por essência, ela é semelhante ao céu.

Toda coisa possível permanece na igualdade, como o céu – é assim que eu expresso o Grande Selo.

Nossa própria essência não pode ser demonstrada, também a natureza da mente não deixa o estado verdadeiro do Grande Selo, nem o modifica. Se pudermos verdadeiramente realizar isso, então todas as aparências fenomenais se tornam o Grande Selo. É o grande modo natural onipenetrante.

Permanecei relaxados em vossa natureza não bloqueada. É o modo natural livre do pensar. Esta meditação permanece nela mesma sem buscar o que quer que seja além. O tipo de meditação que consiste em buscar alguma coisa é a atividade do intelecto confuso. Completamente como o céu ou uma ilusão mágica, na ausência da meditação bem como da não-meditação, como poderemos falar de separação ou de não-separação?

Para o yogui que tem esta compreensão, todas as ações virtuosas e errôneas são liberadas pelo conhecimento desta realidade. Todas as aflições mentais tornam-se a grande cognição primordial e agem como amigas do yogui, semelhantes ao fogo incendiando a floresta. Como então poderíamos nós falar de ir ou de ficar?

Pouco importa quanto estabilizais vossa mente em um lugar tranqüilo, se não tendes realizado esta verdade, vós não sereis liberados dos estados que são somente circunstanciais. Mas se experimentais esta verdade, alguma coisa poderia doravante vos entravar?

Quando permaneceis impertubavelmente neste estado, não tereis mais necessidade de meditação construída para vosso corpo e vossa fala. Quer estejais ou não no que chamamos a verdadeira integração [mNyam-Par-gZhag], não tereis nenhuma necessidade de meditação forçada incluindo os antídotos. Sem tentar realizar o que quer que seja, descobrireis que tudo o que pode surgir é desprovido de natureza própria inerente. Todas as aparências são espontaneamente liberadas nesta dimensão aberta. [Chhos-dByings] e todos os pensamentos são liberados espontaneamente na e enquanto grande cognição primordial. É a igualdade não dual e perfeita do modo natural. Como a corrente dum grande rio, o sentido real estará convosco onde permanecerdes. É o estado de budeidade em marcha, a grande alegria de estar livre de todos os objetos samsáricos.

Todos os fenômenos são eles mesmos naturalmente vazios e o intelecto que é apegado a esta vacuidade é purificado em seu próprio lugar. Livre de toda intelectualização, não há implicação com mentalização. Esta é a Via de todos os Budhas.

Para aquele que é verdadeiramente afortunado, eu compus este sumário de meus verdadeiros ensinamentos. Graças a isso, possam todos os seres sensíveis permanecer no Grande Selo.

Isso conclui a exposição de Maitripa sobre o Grande Selo. Ela foi recebida diretamente desse sábio e traduzida em tibetano pelo tradutor tibetano Marpa Chökyi Lodrö - Do livro: "La simplicité de la Grande Perfection"
textos recolhidos e traduzidos do Tibetano apresentados por James Low. Tradução p/português: Karma Tenpa Dargye
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Fonte: http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=1169

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